Sunday 20 June 2010

His Architecture



On these old postcards, his architecture work about the mountains of the citty, Lubango.
Ao fundo, o monumento às montanhas da cidade do Lubango, nestes postais antigos.

Estórias com ele (4)

"Olhar bondoso e de uma perspicácia acutilante, o arquitecto, professor no Liceu Diogo Cão na então cidade de Sá da Bandeira, José Frederico Drummond Ludovice apercebia-se com sagacidade das competências, ou não, dos jovens que leccionava com a mestria que o caracterizava. Sabedor que era do porquê das dificuldades de alguns, do não querer fazer e do não ser capaz de saber fazer, o Meu Professor, motivava através do humor, ritmando as aprendizagens dos pequenos aprendizes que se debatiam entre o ser capaz e o querer fazer-se ser capaz.
No seu palco de teatralidade docente, que o teve, para captar uma difícil audiência que por vezes, quando não muitas vezes, alheava-se dos saberes escolares, foi protagonista com papel principal sem nunca o ter usado com sobranceria. Pelo contrário, a humildade foi uma outra característica que lhe reconheci, pois valorizava o mais simples dos trabalhos, traçados e pintados com uma paleta de cores própria de cada um que exteriorizava a sua individualidade. Não tendo o aluno a destreza do traço ou a noção da proporcionalidade, o Professor levava-o a recorrer a outras soluções ou recorria ele mesmo à desdramatização da angústia da incompetência.
Olhando para as suas mãos pude lembrar-me das vezes que, pacientemente, me ajudou a tomar o rumo das medidas para eu fazer desenho à vista, tão necessário para que se possa traçar linhas da arquitectura que ele tão bem deixou no Lubango, numa atitude de amor que nutriu pelo espaço que viu nascer os seus filhos.
Hoje sinto a saudade, mas não me falta a memória…"

Filomena Malva
5/30/2008

Obrigada Filomena..

Thursday 3 June 2010

Estórias com ele (3)

« Um dia, ao cair da tarde, o teu pai convidou-me para ir a sua casa. Sentámo-nos na varanda e ele explicou-me que a tinha construído com uns varões que imitavam as cordas de uma harpa. Naquele momento em que, como diz Pessoa, "de repente, tudo se recolhe, tudo perde as arestas e as cores, e a lua começa a ser real", o teu pai fez-me ouvir a música que o vento fazia ao passar pelos varões. Juro que a ouvi. »

(Relato de Eduardo Homem sobre um encontro, no Lubango)
Obgda Eduardo!